NÁCAR | BRUNO SENUNE [PORTUGAL]
08 DE OUTUBRO_ 21H30 | COVILHÃ - TEATRO CINE DA COVILHÃNÁCAR | BRUNO SENUNE [PORTUGAL]

SINOPSE
Nácar é uma proposta performativa que reflete sobre esquecimento, ficção de memórias. É um poema subjetivo e autobiográfico que se incide num lugar de recolha e de fugas.
Do árabe naqqára, «tambor», nácar é uma substância dura, irisada, rica em calcário, produzida por alguns moluscos, reveste o interior de diversas conchas e também é libertada como uma reação a um corpo estranho que tenha entrado na membrana epitelial. O corpo estranho causa irritação ao animal que passa a libertar essa secreção isolada para calcificação similar à parte interna da concha, formando uma pérola cujo tamanho varia de acordo com o tempo de resistência ao corpo estranho e das condições climáticas do meio ambiente.
Nácar é também a substância que representa os trinta e um anos de um casamento. Desde já há algum tempo que tenho refletido sobre o facto de não ter praticamente nenhum arquivo (fotografias, vídeos, desenhos) sobre a minha infância. Para além dos materiais físicos, as partilhas que me foram transmitidas pelas pessoas próximas com quem cresci são raras e desconexas. Esta ausência de arquivo formou na minha memória um período distante, inventivo e carregado de suposições. A memória é um lugar de energia, armazenamento e evocação, muitas vezes indefinido e construído através da relação de imagens reais com desejos, conflitos e projeções.
Este projeto nasce da necessidade de celebração de um espaço e do que este representa para festejar a ironia do que nos é vago e ainda assim tão certo e deslumbrante. Através da construção e desconstrução deste arquivo real e ficcional potencia-se o vigor dos lugares de fragilidade, numa viagem entre a clareza e o difuso, entre a tensão do querer saber e o deixar ir. O que foi, o que fica, o que lateja, o que vive, resiste, persiste.
um projeto de Bruno Senune
co-produção fffilm project