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OS SERRENHOS DO CALDEIRÃO: EXERCÍCIOS EM ANTROPOLOGIA FICCIONAL | VERA MANTERO

22 DE NOVEMBRO_ 21H30 | FUNDÃO_ A MOAGEM

OS SERRENHOS DO CALDEIRÃO: EXERCÍCIOS EM ANTROPOLOGIA FICCIONAL | VERA MANTERO

SINOPSE

Este trabalho foi elaborado no ano passado, no âmbito do Festival Encontros do Devir, da DeVIR, em torno da desertificação/desumanização da Serra do Caldeirão, no Algarve. Uma das condições propostas por esta encomenda era utilizar imagens vídeo, feitas por mim, que teria que ir filmar à Serra. Filmei sim, e usei sim, mas também recorri muito ao trabalho em filme do Michel Giacometti, e o todo acaba por ser um olhar sobre a sua preciosa recolha e sobre práticas de vida tradicionais e rurais. Algumas hipóteses de trabalho no início do processo: talvez povoar toda a peça de vozes que vêm de longe, vozes de vidas que já não existem. Ou sons de pedras. Música de pedra. Feita com pedras. Duas pedras afrontadas parecem indicar a abertura. Ou usar o triângulo (“ferrinhos”). Mas só para esfregar as duas peças de metal uma na outra, para fazer com elas um som soprado, um som de silêncio. E dizer ou cantar algo sobre esse som. As melodias daqui são muito bonitas e todas de tendência “orientalóide”. Parece que são “em eólio” (por serem assim lindas e enleadas…). E é frequente encontrar-se um curto estribilho que reza assim: “oh, tão lindo!”. Oh, tão lindo. Oh. Tão lindo. Oh tão lindo. Há gente assim, que se sabe espantar com a beleza. Podia talvez fazer uma montagem com vários “oh, tão lindo!” juntos e misturados. Como a sequência de beijos na boca no fim do Cinema Paraíso. Muitas das músicas são religiosas mas curiosamente “enxertadas” em ritmos quase dançantes. Repetição hipnótica. Uma talvez religião transe. “Estes artefactos de pedra colocam importantes questões crono-culturais. Visita à serra, vídeo 2, 12º clip, Miguel Vieira: “um perfume é tanto mais caro quanto mais tempo ele ficar fixo na pele, correto?” Hhmm…deve ser…não sei, eu não uso perfume…mas deve ser…” (risos), “ se o perfume ficar 48h na pele vais ver que ele é super caro”. “Ahã…”, “a substância responsável dessa fixação encontra-se aqui” (aponta para o ramo de esteva que está na sua mão desde o início). UM ESTEVAL É: UM MAR DE ESTEVAS. Visita à serra, vídeo 2, 37º clip: “mas Miguel, diz-me lá, para além das barragens para reter a água, o que é que era importante fazer aqui?”. Oolha, parece-me importante… [fica a pensar]… ppvvvv [som com os lábios]… que o Estado diga aos proprietários dos terrenos o seguinte: “Meus amigos, ou o vosso terreno começa a produzir alguma coisa ou nós tomamos posse dele”. [olha para mim em silêncio com ar de quem pergunta se estou a perceber]. “Tás a ver a ideia?”. “Tou”. Maria não acredito que não saibas dar o passo. Dá um passinho atrás de outro, encosta-te aqui ao meu braço. Olha lá maria, meu amor já ganhaste, olha lá maria, não o deixes fugir Olha lá maria, tem muito cuidado, olha lá maria, não o deixes partir.

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Conceção e interpretação_ Vera Mantero | Banda sonora e luz_ Hugo Coelho_ Vera Mantero | Captura de imagens e elaboração do guião para o vídeo_ Vera Mantero | Montagem vídeo_ Hugo Coelho | Excertos vídeo da filmografia completa de_ Michel Giancometti | Residências artísticas_ Centro de Experimentação Artística – Lugar Comum/Fábrica da Pólvora de Barcarena/Câmara Municipal de Oeiras_ DeVIR/CaPA/Faro | Coprodução_ DeVIR/CaPA | Produção_ O Rumo do Fumo | Agradecimentos_ Editora Tradisom

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